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Mensagem por lancelot Seg Mar 03, 2014 4:47 pm

No final de 1908, Zélio Fernandino de Moraes, um jovem rapaz com 17 anos de idade, que preparava-se para ingressar na carreira militar na Marinha, começou a sofrer estranhos "ataques". Sua família, conhecida e tradicional na cidade de Neves, estado do Rio de Janeiro, foi pega de surpresa pelos acontecimentos.

Esses "ataques" do rapaz, eram caracterizados por posturas de um velho, falando coisas sem sentido e desconexas, como se fosse outra pessoa que havia vivido em outra época. Muitas vezes assumia uma forma que parecia a de um felino lépido e desembaraçado que mostrava conhecer muitas coisas da natureza.

Após examiná-lo durante vários dias, o médico da família recomendou que seria melhor encaminhá-lo a um padre, pois o médico (que era tio do paciente), dizia que a loucura do rapaz não se enquadrava em nada que ele havia conhecido. Acreditava mais, era que o menino estava endemoniado.

Alguém da família sugeriu que "isso era coisa de espiritismo" e que era melhor levá-lo à Federação Espírita de Niterói, presidida na época por José de Souza. No dia 15 de novembro, o jovem Zélio foi convidado a participar da sessão, tomando um lugar à mesa.

Tomado por uma força estranha e alheia a sua vontade, e contrariando as normas que impediam o afastamento de qualquer dos componentes da mesa, Zélio levantou-se e disse: "Aqui está faltando uma flor". Saiu da sala indo ao jardim e voltando após com uma flor, que colocou no centro da mesa. Essa atitude causou um enorme tumulto entre os presentes. Restabelecidos os trabalhos, manifestaram-se nos médiuns kardecistas espíritos que se diziam pretos escravos e índios.

O diretor dos trabalhos achou tudo aquilo um absurdo e advertiu-os com aspereza, citando o "seu atraso espiritual" e convidando-os a se retirarem.

Após esse incidente, novamente uma força estranha tomou o jovem Zélio e através dele falou: _"Porque repelem a presença desses espíritos, se nem sequer se dignaram a ouvir suas mensagens. Será por causa de suas origens sociais e da cor ?"

Seguiu-se um diálogo acalorado, e os responsáveis pela sessão procuravam doutrinar e afastar o espírito desconhecido, que desenvolvia uma argumentação segura.

Um médium vidente perguntou: _"Por quê o irmão fala nestes termos, pretendendo que a direção aceite a manifestação de espíritos que, pelo grau de cultura que tiveram, quando encarnados, são claramente atrasados? Por quê fala deste modo, se estou vendo que me dirijo neste momento a um jesuíta e a sua veste branca reflete uma aura de luz? E qual o seu nome irmão?

_"Se querem um nome, que seja este: sou o Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque para mim, não haverá caminhos fechados."

_"O que você vê em mim, são restos de uma existência anterior. Fui padre e o meu nome era Gabriel Malagrida. Acusado de bruxaria fui sacrificado na fogueira da Inquisição em Lisboa, no ano de 1761. Mas em minha última existência física, Deus concedeu-me o privilégio de nascer como caboclo brasileiro."

Anunciou também o tipo de missão que trazia do Astral:

_"Se julgam atrasados os espíritos de pretos e índios, devo dizer que amanhã (16 de novembro) estarei na casa de meu aparelho, às 20 horas, para dar início a um culto em que estes irmãos poderão dar suas mensagens e, assim, cumprir missão que o Plano Espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados.”

O vidente retrucou: _"Julga o irmão que alguém irá assistir a seu culto" ? perguntou com ironia. E o espírito já identificado disse:

_"Cada colina de Niterói atuará como porta-voz, anunciando o culto que amanhã iniciarei".

Para finalizar o caboclo completou:

_"Deus, em sua infinita Bondade, estabeleceu na morte, o grande nivelador universal, rico ou pobre, poderoso ou humilde, todos se tornariam iguais na morte, mas vocês, homens preconceituosos, não contentes em estabelecer diferenças entre os vivos, procuram levar essas mesmas diferenças até mesmo além da barreira da morte. Porque não podem nos visitar esses humildes trabalhadores do espaço, se apesar de não haverem sido pessoas socialmente importantes na Terra, também trazem importantes mensagens do além?"

No dia seguinte, na casa da família Moraes, na rua Floriano Peixoto, número 30, ao se aproximar a hora marcada, 20:00 h, lá já estavam reunidos os membros da Federação Espírita para comprovarem a veracidade do que fora declarado na véspera; estavam os parentes mais próximos, amigos, vizinhos e, do lado de fora, uma multidão de desconhecidos.

Às 20:00 h, manifestou-se o Caboclo das Sete Encruzilhadas. Declarou que naquele momento se iniciava um novo culto, em que os espíritos de velhos africanos que haviam servido como escravos e que, desencarnados, não encontravam campo de atuação nos remanescentes das seitas negras, já deturpadas e dirigidas em sua totalidade para os trabalhos de feitiçaria; e os índios nativos de nossa terra, poderiam trabalhar em benefício de seus irmãos encarnados, qualquer que fosse a cor, a raça, o credo e a condição social.

A prática da caridade, no sentido do amor fraterno, seria a característica principal deste culto, que teria por base o Evangelho de Jesus.

O Caboclo estabeleceu as normas em que se processaria o culto. Sessões, assim seriam chamados os períodos de trabalho espiritual, diárias, das 20:00 às 22:00 h; os participantes estariam uniformizados de branco e o atendimento seria gratuito. Deu, também, o nome do Movimento Religioso que se iniciava: UMBANDA – Manifestação do Espírito para a Caridade.

A Casa de trabalhos espirituais que ora se fundava, recebeu o nome de Nossa Senhora da Piedade, porque assim como Maria acolheu o filho nos braços, também seriam acolhidos como filhos todos os que necessitassem de ajuda ou de conforto.

Ditadas as bases do culto, após responder em latim e alemão às perguntas dos sacerdotes ali presentes, o Caboclo das Sete Encruzilhadas passou a parte prática dos trabalhos.

O caboclo foi atender um paralítico, fazendo este ficar curado. Passou a atender outras pessoas que haviam neste local, praticando suas curas.

Nesse mesmo dia incorporou um preto velho chamado Pai Antônio, aquele que, com fala mansa, foi confundido como loucura de seu aparelho e com palavras de muita sabedoria e humildade e com timidez aparente, recusava-se a sentar-se junto com os presentes à mesa dizendo as seguintes palavras:

"_ Nêgo num senta não meu sinhô, nêgo fica aqui mesmo. Isso é coisa de sinhô branco e nêgo deve arrespeitá."

Após insistência dos presentes fala:

"_Num carece preocupá não. Nêgo fica no toco que é lugá di nego."

Assim, continuou dizendo outras palavras representando a sua humildade. Uma pessoa na reunião pergunta se ele sentia falta de alguma coisa que tinha deixado na terra e ele responde:

"_Minha caximba. Nêgo qué o pito que deixou no toco. Manda mureque busca."

Tal afirmativa deixou os presentes perplexos, os quais estavam presenciando a solicitação do primeiro elemento de trabalho para esta religião. Foi Pai Antonio também a primeira entidade a solicitar uma guia, até hoje usadas pelos membros da Tenda e carinhosamente chamada de "Guia de Pai Antonio".

No dia seguinte, verdadeira romaria formou-se na rua Floriano Peixoto. Enfermos, cegos etc. vinham em busca de cura e ali a encontravam, em nome de Jesus. Médiuns, cuja manifestação mediúnica fora considerada loucura, deixaram os sanatórios e deram provas de suas qualidades excepcionais.

A partir daí, o Caboclo das Sete Encruzilhadas começou a trabalhar incessantemente para o esclarecimento, difusão e sedimentação da religião de Umbanda. Além de Pai Antônio, tinha como auxiliar o Caboclo orixá Malé, entidade com grande experiência no desmanche de trabalhos de baixa magia.

Em 1918, o Caboclo das Sete Encruzilhadas recebeu ordens do Astral Superior para fundar sete tendas para a propagação da Umbanda. As agremiações ganharam os seguintes nomes: Tenda Espírita Nossa Senhora da Guia; Tenda Espírita Nossa Senhora da Conceição; Tenda Espírita Santa Bárbara; Tenda Espírita São Pedro; Tenda Espírita Oxalá, Tenda Espírita São Jorge; e Tenda Espírita São Gerônimo. Enquanto Zélio estava encarnado, foram fundadas mais de 10.000 tendas a partir das mencionadas.

Embora não seguindo a carreira militar para a qual se preparava, pois sua missão mediúnica não o permitiu, Zélio Fernandino de Moraes nunca fez da religião sua profissão. Trabalhava para o sustento de sua família e diversas vezes contribuiu financeiramente para manter os templos que o Caboclo das Sete Encruzilhadas fundou, além das pessoas que se hospedavam em sua casa para os tratamentos espirituais, que segundo o que dizem parecia um albergue. Nunca aceitara ajuda monetária de ninguém era ordem do seu guia chefe, apesar de inúmeras vezes isto ser oferecido a ele.
Ministros, industriais, e militares que recorriam ao poder mediúnico de Zélio para a cura de parentes enfermos e os vendo recuperados, procuravam retribuir o benefício através de presentes, ou preenchendo cheques vultosos. "_Não os aceite. Devolva-os!", ordenava sempre o Caboclo.

A respeito do uso do termo espírita e de nomes de santos católicos nas tendas fundadas, o mesmo teve como causa o fato de naquela época não se poder registrar o nome Umbanda, e quanto aos nomes de santos, era uma maneira de estabelecer um ponto de referência para fiéis da religião católica que procuravam os préstimos da Umbanda. O ritual estabelecido pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas era bem simples, com cânticos baixos e harmoniosos, vestimenta branca, proibição de sacrifícios de animais. Dispensou os atabaques e as palmas. Capacetes, espadas, cocares, vestimentas de cor, rendas e lamês não seriam aceitos. As guias usadas são apenas as que determinam a entidade que se manifesta. Os banhos de ervas, os amacis, a concentração nos ambientes vibratórios da natureza, a par do ensinamento doutrinário, na base do Evangelho, constituiriam os principais elementos de preparação do médium.

O ritual sempre foi simples. Nunca foi permitido sacrifícios de animais. Não utilizavam atabaques ou qualquer outros objetos e adereços. Os atabaques começaram a ser usados com o passar do tempo por algumas das Tendas fundadas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, mas a Tenda Nossa Senhora da Piedade não utiliza em seu ritual até hoje.

Após 55 anos de atividades à frente da Tenda Nossa Senhora da Piedade (1º templo de Umbanda), Zélio entregou a direção dos trabalhos as suas filhas Zélia e Zilméa, continuando, ao lado de sua esposa Isabel, médium do Caboclo Roxo, a trabalhar na Cabana de Pai Antônio, em Boca do Mato, distrito de Cachoeiras de Macacu – RJ, dedicando a maior parte das horas de seu dia ao atendimento de portadores de enfermidades psíquicas e de todos os que o procuravam.

Em 1971, a senhora Lilia Ribeiro, diretora da TULEF (Tenda de Umbanda Luz, Esperança, Fraternidade – RJ) gravou uma mensagem do Caboclo das Sete Encruzilhadas, e que bem espelha a humildade e o alto grau de evolução desta entidade de muita luz. Ei-la:

"A Umbanda tem progredido e vai progredir. É preciso haver sinceridade, honestidade e eu previno sempre aos companheiros de muitos anos: a vil moeda vai prejudicar a Umbanda; médiuns que irão se vender e que serão, mais tarde, expulsos, como Jesus expulsou os vendilhões do templo.

O perigo do médium homem é a consulente mulher; do médium mulher é o consulente homem. É preciso estar sempre de prevenção, porque os próprios obsessores que procuram atacar as nossas casas fazem com que toque alguma coisa no coração da mulher que fala ao pai de terreiro, como no coração do homem que fala à mãe de terreiro. É preciso haver muita moral para que a Umbanda progrida, seja forte e coesa. Umbanda é humildade, amor e caridade – esta a nossa bandeira. Neste momento, meus irmãos, me rodeiam diversos espíritos que trabalham na Umbanda do Brasil: Caboclos de Oxossi, de Ogum, de Xangô.

Eu, porém, sou da falange de Oxossi, meu pai, e não vim por acaso, trouxe uma ordem, uma missão. Meus irmãos: sejam humildes, tenham amor no coração, amor de irmão para irmão, porque vossas mediunidades ficarão mais puras, servindo aos espíritos superiores que venham a baixar entre vós; é preciso que os aparelhos estejam sempre limpos, os instrumentos afinados com as virtudes que Jesus pregou aqui na Terra, para que tenhamos boas comunicações e proteção para aqueles que vêm em busca de socorro nas casas de Umbanda.

Meus irmãos: meu aparelho já está velho, com 80 anos a fazer, mas começou antes dos 18. Posso dizer que o ajudei a casar, para que não estivesse a dar cabeçadas, para que fosse um médium aproveitável e que, pela sua mediunidade, eu pudesse implantar a nossa Umbanda.

A maior parte dos que trabalham na Umbanda, se não passaram por esta Tenda, passaram pelas que saíram desta Casa.

Tenho uma coisa a vos pedir: se Jesus veio ao planeta Terra na humildade de uma manjedoura, não foi por acaso. Assim o Pai determinou. Podia ter procurado a casa de um potentado da época, mas foi escolher aquela que havia de ser sua mãe, este espírito que viria traçar à humanidade os passos para obter paz, saúde e felicidade.

Que o nascimento de Jesus, a humildade que Ele baixou à Terra, sirvam de exemplos, iluminando os vossos espíritos, tirando os escuros de maldade por pensamento ou práticas; que Deus perdoe as maldades que possam ter sido pensadas, para que a paz possa reinar em vossos corações e nos vossos lares. Fechai os olhos para a casa do vizinho; fechai a boca para não murmurar contra quem quer que seja; não julgueis para não serdes julgados; acreditai em Deus e a paz entrará em vosso lar.

É dos Evangelhos. Eu, meus irmãos, como o menor espírito que baixou à Terra, mas amigo de todos, numa concentração perfeita dos companheiros que me rodeiam neste momento, peço que eles sintam a necessidade de cada um de vós e que, ao sairdes deste templo de caridade, encontreis os caminhos abertos, vossos enfermos melhorados e curados, e a saúde para sempre em vossa matéria.

Com um voto de paz, saúde e felicidade, com humildade, amor e caridade, sou e sempre serei o humilde Caboclo das Sete Encruzilhadas".


Fonte:http://www.colegiodeumbanda.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=206&Itemid=139
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A UMBANDA - História de sua fundação, uma religião genuinamente brasileira Empty Mi(ni)stério da Cruz de Preto Velho

Mensagem por lancelot Seg Mar 03, 2014 4:49 pm

Mi(ni)stério da Cruz de Preto Velho


Conta uma lenda que esse gesto de cruzar o solo ou a si mesmo só foi adotado pelos
cristãos quando um "padre" romano, atiçado pela curiosidade, perguntou a um serviçal de
sua igreja o porque dele cruzar o solo antes de entrar nela para limpá-la ... e o mesmo fazia
ao sair dela.
O serviçal, um negro já idoso que havia sido libertado pelo seu amo romano quando já não
podia carregar os seus pesados sacos de pedras ornamentais, e que andava arqueado por
causa de sua coluna vertebral ter se curvado de tanto peso que ele havia carregado desde
jovem, ajoelhou-se, cruzou o solo diante dos pés do padre romano e, aí falou:
- Agora já posso contar-lhe o significado do sinal da cruz, amo padre!
- Por que, só após cruzar o solo diante dos meus pés, você pode revelar-me o significado do
sinal da cruz, meu negro velho?
- É porque eu vou falar de um gesto sagrado, meu amo. Só após cruzarmos o solo diante de
alguém e pedirmos licença ao seu lado sagrado, esse lado se abre para ouvir o que temos a
dizer-lhe.
- Se você não cruzar o solo diante dos meus pés o seu lado sagrado não fala com o meu? É
isso, meu negro velho e cansado?
- É isso sim, meu amo. Tudo o que falamos, ou falamos para o lado profano ou para o lado
sagrado dos outros com quem conversamos! Como o senhor quer saber o significado do sinal
da cruz usado por nós, os negros trazidos desde a África para trabalharmos como escravos
aqui em Roma e, porque ele é um sinal sagrado, seu significado só pode ser revelado ao lado
oculto e sagrado de seu espírito. Por isso eu cruzei o solo diante dos seus pés, pedi ao meu
pai Obaluaiyê que abrisse uma passagem entre os lados ocultos e sagrados dos nossos
espíritos senão o senhor não entenderá o significado e a importância dos cruzamentos... e
das passagens.
O padre romano, ouvindo as palavras sensatas daquele preto, já velho e cansado de tanto
carregar os fardos de pedras ornamentais com as quais eles, os romanos, enfeitavam as
fachadas e os jardins de suas mansões, sentiu que não estava diante de uma pessoa comum,
mas sim diante de um sábio amadurecido no tempo e no trabalho árduo de carregar fardos
alheios.
Então o padre romano convidou o preto, velho e cansado, a acompanhá-lo até sua sala
particular localizada atrás da sacristia.
Já dentro dela, o padre sentou-se na sua cadeira de encosto alto e confortável e indicou um
banquinho de madeira para que aquele preto velho se sentasse e lhe contasse o significado
do sinal da cruz.
O velho negro, antes de sentar-se, cruzou o banquinho e isto também despertou a
curiosidade de empertigado padre romano, sentado em sua cadeira mais parecida com um
trono, de tão trabalhada que ela era.
- Por que você cruzou esse banquinho antes de se assentar nele, meu preto velho?
- Meu senhor, eu só tenho essa bengala para apoiar meu corpo arqueado. Então, se vou
sentar-me um pouco, eu cruzei esse banquinho e pedi licença ao meu pai Obaluaiyê para
assentar-me no lado sagrado dele. Só assim o peso dos fardos que já carreguei não me
incomodará e poderei falar mais à vontade pois, se nos assentamos no lado sagrado das
coisas deixamos de sentir os "pesos" do lado profano de nossa vida.
O padre romano, de uma inteligência e raciocínio incomum, mais uma vez viu que não estava
diante de uma pessoa comum, e sim, diante de um sábio que, ainda que não falasse bem o
latim, (a língua falada pelos romanos daquele tempo), no entanto falava coisa que nem os
mais sábios dos romanos conheciam.
O velho preto, após assentar-se, apoiou a mão esquerda no cabo da sua bengala e com a
direita estralou os dedos no ar por quatro vezes, em cruz e aquilo intrigou o padre romano,
que perguntou-lhe:
- Meu velho preto, porque você estralou os dedos quatro vezes, cruzando o ar?
- Meu senhor, eu cruzei o ar, pedindo ao meu pai Obaluaiyê que abrisse uma passagem nele
para que minhas palavras cheguem até os seus ouvidos através do lado sagrado dele senão
elas não chegarão ao lado sagrado de seu espírito e não entenderás o real significado delas
ao revelar-lhe um dos mistérios do meu pai.
- Então tudo tem dois lados, meu preto velho?
- Tem sim, meu senhor.
- Porque você, agora, já sentado e bem acomodado, fala mais baixo que antes, quando estava
apoiado sobre sua bengala?
- Meu senhor, quando nos assentamos no lado sagrado das coisas, aquietamos nosso espírito
e só falamos em voz baixa para não incomodarmos o lado sagrado delas.
- Entendo, meu velho. - murmurou o padre romano, curvando-se para melhor ouvir as
palavras daquele preto velho. Conte-me o significado do sinal da cruz!
E o preto velho começou a falar, falar e falar. E tanto falou sobre o mistério do cruzamento
que aquele padre (que era o chefe da igreja de Roma naquele tempo quando os papas ainda
não eram chamados de papa) começou a entender o significado sagrado do sinal da cruz e
começou a pensar em como adaptá-lo e aplicá-lo aos cristãos de então.
Como era um mistério do povo daquele preto, já velho e cansado de tanto carregar fardos de
pedras ornamentais alheias, então pôs sua mente arguta e agilíssima para raciocinar.
E o padre romano pensou, pensou e pensou! E tanto pensou que criou a lenda dos três reis
magos, onde um era negro, em homenagem ao sábio preto velho que, falando-lhe desde seu
lado sagrado e interior, havia lhe aberto a existência do lado sagrado das coisas; o da
existência de passagens entre esses dois lados, etc.
Enquanto ouvia e sua mente pensava, a cada revelação do preto, já velho e cansado, seus
olhos enchiam-se de lágrimas e mais e mais ele se achegava chegando um momento em que
ele se assentou no solo à frente do preto velho para melhor ouvi-lo, pois não queria perder
nenhuma das palavras dele.
E aquele padre, que era o chefe de todos os padres romanos, diariamente ouvia por horas e
horas o preto velho, e depois que o dispensava, recolhia-se à sua biblioteca e começava a
escrever os mistérios que lhe haviam sido revelados.
Aos poucos estava reescrevendo o Cristianismo e dando-lhe fundamentos sagrados.
- Ele escreveu a lenda dos três reis magos, onde um dos magos era um negro muito sábio.
- Ele mudou o formato da cruz em X onde Cristo havia sido crucificado e deu a ela a sua
forma atual, que é uma coluna vertical e um travessão horizontal.
- Também determinou que em todos os túmulos cristãos deveria haver uma cruz, que é o
sinal da passagem de um plano para o outro, segundo aquele preto velho.
- "Ele criou a figura de Lázaro, cheio de chagas, para adaptar o orixá da varíola ao
Cristianismo. Na verdade, ele criou o sincretismo cristão, e dali em diante muitos outros
"padres de todos os padres", uma espécie de "cappo de tutti capos", (os papas) começaram a
adaptar os mistérios de muitos povos ao Cristianismo, fundamentando a crença dos muitos
seguidores de então da doutrina humanista criado por Jesus. E criaram concílios para
oficializá-los e torná-los dogmas.
Poderíamos falar de muitos dos mistérios alheios que os padres romanos adaptaram ao
Cristianismo. Mas agora, vamos falar somente dos significados do mistério da cruz e dos
cruzamentos, ensinados àquele padre por um preto velho.
1º) O ato de fazer o sinal da cruz em si mesmo tem esses significados.
a) Abre o nosso lado sagrado ou interior para, ao rezarmos, nos dirigirmos às divindades e a
Deus através do lado sagrado ou interno da criação.
Essa forma é a da oração silenciosa ou feita em voz baixa. Afinal, quando estamos no lado
sagrado e interno dela, não precisamos gritar ou falar alto para sermos ouvidos.
Só fala alto ou grita para se fazer ouvir quem se encontra do lado de fora ou profano da
criação. Esses são os excluídos ou os que não conhecem os mistérios ocultos da criação e só
sabem se dirigir a Deus de forma profana, aos gritos e clamores altíssimos.
b) Ao fazermos o sinal da cruz diante das divindades, estamos abrindo o nosso lado sagrado
para que não se percam as vibrações divinas que elas nos enviam quando nos aproximamos
e ficamos diante delas em postura de respeito e reverência.
c) Ao fazermos o sinal da cruz diante de uma situação perigosa ou de algo sobrenatural e
terrível, estamos fechando as passagens de acesso ao nosso lado interior, evitando que eles
entrem em nós e se instalem em nosso espírito e em nossa vida.
d) Ao cruzarmos o ar, ou estamos abrindo uma passagem nele para que, através dela, o
nosso lado sagrado envie suas vibrações ao lado sagrado da pessoa à nossa frente, ou ao
local que estamos abençoando (cruzando).
e) Ao cruzarmos os solo diante dos pés de alguém, estamos abrindo uma passagem para o
lado sagrado dela.
f) Ao cruzarmos uma pessoa, estamos abrindo uma passagem nela para que seu lado sagrado
exteriorize-se diante dela e passe a protegê-la.
) Ao cruzarmos um objeto, estamos abrindo uma passagem para o interior oculto e sagrado
dele para que ele, através desse lado seja um portal sagrado que tanto absorverá vibrações
negativas como irradiará vibrações positivas.
h) Ao cruzarmos o solo de um santuário, estamos abrindo uma passagem para entrarmos nele
através do seu lado sagrado e oculto, pois se entrarmos sem cruzá-lo na entrada, estaremos
entrando nele pelo seu lado profano e exterior.
i) Ao cruzarmos algo (uma pessoa, o solo, o ar, etc.) devemos dizer estas palavras: - Eu saúdo
o seu alto, o seu embaixo, a sua direita e a sua esquerda e peço-lhe em nome do meu pai
Obaluaiyê que abra o seu lado sagrado para mim.
Outras coisas aquele ex-escravo dos romanos de então ensinou àquele padre de todos os
padres, que era altivo e empertigado, mas que gostava de sentar-se no solo diante daquele
sábio preto, já velho e muito cansado. Era um tempo que os políticos politiqueiros romanos
estavam de olho no numeroso grupo de seguidores do Cristianismo e se esmeravam em
conceder aos seus bispos e pastores, (digo padres) certas vantagens em troca dos votos
deles que os elegeriam.
Também era um tempo em que era moda aqueles bispos e pastores (digo padres), colocarem
nos púlpitos pessoas que davam fortes testemunhos, ainda que falsos ou inventados na hora
para enganar os trouxas já existentes naquele tempo em Roma, tanto na plebe como nas
classes mais abastadas.
E olhem que havia muitos patriciosinhos e patricinhas (digo, patrícios e patrícias) com grande
peso na consciência que acreditavam no 171 (digo discursos) daqueles ávidos padres
romanos, que prometiam-lhes um lugar no paraíso assim que se convertessem ao
Cristianismo!
Mas os padres daquele tempo pensavam em tudo e espalharam que quem fizesse grandes
doações à igreja seria recompensado com uma ampla e luxuosa morada, um palacete
mesmo, no céu e bem próximo, quase vizinho de onde Jesus vivia.
A coisa estava indo bem mas, havia espaço para melhorar mais ainda a situação da igreja
romana daquele tempos e alguns padres, versados no grego, se apossaram do termo
"católico" que significava "universal" e universalizaram suas praticas de mercadores da fé.
Como estavam se apossando de mistérios alheios um atrás do outro e começaram a ser
chamados de plagiadores, então fizeram um acordo com um imperador muito esperto mas,
que estava com seus cofres desfalcados, à beira da bancarrota (digo, deposição), acordo esse
que consistia em acabar com as outras religiões.
No acordo, o imperador ficava com os bens delas (tesouros acumulados em séculos,
propriedades agrárias e imóveis bem localizados) e os padres de então ficariam com todos os
que se convertessem e começassem a pagar um dízimo estipulado por eles.
O acordo era vantajoso para ambos os lados envolvidos e aqueles padres de então, para
provar ao imperador suas boas intenções, até o elegeram chefe geral da quadrilha (digo,
hierarquia), criada recentemente por eles, desde que editasse um decreto sacramentando a
questão dos dízimos cobrados por eles.
Outra exigência daqueles pastores (digo padres) de então foi a de estarem isentos na
declaração dos bens das suas igrejas.
Também exigiram primazia na concessão de arautos (as televisões de então) pois sabiam que
estariam com uma vantagem imensa em relação aos seus concorrentes religiosos de então.
O imperador começou a achar que o acordo não era tão vantajoso como havia parecido no
começo mas, os pastores (digo, os padres) daquele época, começaram a fazer a cabeça da
esposa dele, que era uma tremenda de uma putana (digo, dama da alta sociedade), que
estava se dando muito bem na sua nova religião, pois aquele padres haviam criado um tal de
confessionário que caíra como uma luva para ela e outras fornicadoras insaciáveis (digo,
damas ilustres) que pecavam a semana toda mas no domingo, logo cedo, iam se confessar
com um padre que elas não viam o rosto, mas que era bem condescendente pois as
perdoavam em troca delas rezarem umas orações curtas, fáceis de serem decoradas.
No domingo ajeitavam a consciência e na segunda, já perdoadas, voltavam com a corda toda
às suas estripulias intramuros palacianos.
O acordo foi selado e sacramentado, e aí foi um salve-se quem puder no seio das outras
religiões. E não foram poucos os que rapidinho renunciaram à antiga forma de professar suas
fezes (digo, fé, no singular, mesmo!) pois viram como a grana corria à solta para as mãos
(digo, cofres) daqueles padres de então, pois eles eram muito criativos e a cada dia tinham
um culto específico para cada algum dos males universais, comuns a todos os povos, épocas
e pessoas.
Aqueles pastores (digo, padres) de então estavam com "tudo": A grana que arrecadavam,
parte reinvestiam criando novos pontos de arrecadação (digo, novas igrejas) e parte usavam
em benefício próprio, comprando mansões e carrões (digo, carruagens) que exibiam com ares
de triunfo, alegando que era a sua conversão ao Cristianismo que havia tornando-os
prósperos e bem sucedidos na vida.
Eles criaram uma tal de teologia da prosperidade para justificar seus enriquecimentos rápidos
e à custa da exploração da ingenuidade dos seus seguidores de então, que davam-lhes
dízimos e mais dízimos e ainda sorriam felizes com suas novas fezes (digo, fé no singular).
Tudo isso aconteceu no curto espaço de uns vinte e poucos anos e começou depois da
segunda metade do século IV d.C.
Por incrível que pareça, aquele preto velho, muito cansado de tanto carregar sacos de pedras
alheias, viveu tempo suficiente para ver tudo isso acontecer.
E tudo o que aquele padre de todos os padres havia lhe dito que faria com tudo o que tinha
aprendido com ele, aconteceu ao contrário.
O tal pastor (digo, padre), já auto-eleito bispo, usou o que havia aprendido com o preto, mas
segundo seus interesses de então, (digo, daquela época).
Batizava com uma caríssima água trazida direto do rio Jordão (mas que seus asseclas colhiam
na calada da noite das torneiras da Sabesp, digo, das bicas da adutora pública).
Vendiam um tal de óleo santo feito de azeitonas colhidas dos pés de oliva existentes no
Monte das Oliveiras (mas um assecla foi visto vendendo a um "reciclador" barricas de um óleo
que, de azeitonas, só tinha o cheiro).
E isso, sem falas nas réplicas miniaturizadas da arca da aliança feitas de papiro; nas réplicas
das trombetas de Jericó; num tal de sal grosso vindo direto do Mar Morto, mas que algumas
testemunhas ocultas juraram que era sal grosso de um fabricante de sal para churrasco.
Foram tantas as coisas que aquele velho preto cansado e curvado havia ensinado àquele
jovem e empertigado pastor (digo, padre) e que ele não só não usou em benefício dos outros,
como os usou em benefício próprio, que o preto já velho, muito velho falou para si mesmo:
"Me perdoa, meu pai Obaluaiyê, mas eu não revelei àquele padre (digo, pastor, isto é, àquele
bispo) o que acontece com quem inverte os seus mistérios ou os usa em benefício próprio:
que eles, ao desencarnarem, têm seus espíritos transformados em horrendas cobras negras!"
Obaluaiyê, ao ouvir o último lamento daquele preto, velho e curvado de tanto carregar sacos
de pedras alheias, e cansado e desiludido por ensinar o bem e ver seus ouvintes inverterem
tudo o que ouviam em benefício próprio, acolheu em seus braços o espírito curvado dele,
endireitou-o, acariciou-lhe o rosto e falou-lhe bem baixinho no ouvido:
"Meu filho, alegre-se pois ele só andará na terra o tempo necessário para tirar dos cultos dos
orixás os que não aprenderam a curvar-se diante dos senhores dos Mistérios mas que achamse
no direito de se servirem deles. Mas, assim que ele fizer isso, deixará essa terra e voltará a
rastejar nas sombras das trevas mais profundas, que é de onde ele veio para recolher de
volta para elas os espíritos que Jesus trouxe consigo após sua descida às trevas. Bem que eu
alertei o jovem e amoroso Jesus sobre o perigo de usar do meu Mistério da cruz para abrir
passagens nas trevas humanas! Afinal, quem abre passagens nas trevas com meu mistério
da cruz, liberta o que nele existe, não é mesmo, meu velho e sábio preto?
"É sim, meu divino pai Obaluaiyê!" disse o preto velho.
lancelot
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