O Enigma de Sator

por **Chacalnegro** Seg Fev 25, 2013 8:25 pm

Um dos mais interessantes e enigmáticos "quadrados mágicos" é o famoso Enigma de Sator.
Tem este nome porque se trata de um aglomerado de 5 palavras encabeçado, geralmente, pela palavra SATOR. Pode ser lido sem perder o sentido, de todos os ângulos possíveis.
Não se trata de um amuleto ou talismã de uso pessoal do qual, aliás se ignora o seu verdadeiro sentido. Esta inscrição, apesar de rara, surge quase sempre em cidades romanas e construções medievais, desenhada em suportes não móveis (ou de difícil mobilidade) como o sejam paredes de edifícios, colunas, lajes de pavimento e tijolos. Em Portugal há um exemplar oriundo da cidade romana de Conímbriga.

A inscrição é composta por cinco palavras justapostas, todas de cinco letras que em conjunto formam um quadrado: SATOR, AREPO, TENET, OPERA, ROTAS. Esta é a disposição mais frequente das palavras que, nalguns raros casos poderá ter uma ordem diferente. Pode ser lido das mais variadas formas e com orientações divergentes, mas a leitura mais inteligível é: (O lavrador) Arepo trabalha com rodas (de arado).
Obviamente, trata-se de uma metáfora de significado desconhecido e uma das coisas que mais estranheza causou aos investigadores foi a palavra "AEREPO", a qual é comum aceitarem de que se trata de um nome próprio com algumas reservas. Não é uma palavra de origem latina e em texto algum da Antiguidade se encontra reproduzida.
Foram aventadas várias hipóteses desde uma filiação em línguas célticas até hebraico e aramaico sem que, no entanto, se chegasse a uma conclusão definitiva.

Outros estudiosos admitem que poderá ser uma anagrama cristão que oculta a expressão "Pater noster" acompanhado de "A O" (alfa e ómega). Esta parece ser a interpretação mais verosímil considerando a sua longa permanência desde a época romana ao séc. XIV. A inscrição mais antiga que se conhece foi encontrada em Pompeia, portanto anterior a 79 d.C. (data da sua destruição pela erupção do Vesúvio) e as mais recentes (séc. XIV) na Suécia.

Várias tradições cristãs alto-medievais afirmam que estas palavras nomeavam os cravos usados na crucifixão de Cristo, ao passo que outras dizem que identificavam os 3 Reis Magos.

De qualquer modo, independentemente do significado literal desta inscrição, o seu significado mágico é óbvio e insere-se numa prática muito dilatada no tempo e com uma ampla distribuição geográfica. Na realidade, eram fórmulas mágicas que dispostas de forma confusa ou com várias hipóteses de leitura confundiam e neutralizavam as forças malignas. Um dos exemplos mais vulgares deste tipo de "jogos de palavras" mágicos é a nossa conhecida ABRACADABRA, que começando e terminando da mesma forma, pode ser repetida indefinidamente sem quebra silábica.