Porque não temos recordações de sermos bébés?

No passado dia 09 de Maio deparei-me com um curto "artigo" que me deixou a pensar nas múltiplas portas explicativas que se podem abrir caso esta hipótese eventualmente seja corroborada:


«As memórias de quando eramos bebés podem ter sido "limpas" com o nascimento de novas células cerebrais. A conclusão é de estudo com roedores e pode ser a primeira explicação realmente científica para um mistério que não tem sido alvo de investigações aprofundadas.

"É fascinante", considera o neurocientista e psiquiatra norte-americano Thomas Insel, diretor do Instituto Nacional para a Saúde Mental de Bethesda, no estado de Maryland. "Ainda ninguém tinha olhado para tisto com grande atenção", elogia, a propósito do estudo publicado agora na Science.

Há mais de 100 anos, Freud especulava que a tendência humana para esquecer os primeiros anos de vida teria uma origem psicosexual. Mais tarde, acreditou-se que as memórias estariam ligads à linguagem, uma vez que o mais comum é as crianças começarem a guardar recordações a partir do momento em que começam a falar.
"O mais estranho é que a maioria dos animais também tem amnésia infantil. Portanto a linguagem não pode ser a única explicação", justifica Sheena Josselyn, do Hispital pediátrico de Toronto, co-autora do estudo.

Inspirados na observação do filho, Sheena Josselyn e o marido, o outro autor da investigação, questionaram-se porque os mais pequenos não conseguem recordar determinadas situações e eventos. Estas memórias, como o que comeu ao jantar, por exemplo, envolvem o hipocampo, que abriga uma "fábrica de células", produzindo novos neurónios, que os cientistas acreditam ter um papel nas recordações. A produção vai abrandando, no entanto, ao longo da infância, coincidindo com a formação de memórias de longo prazo.

Com esta ideia em mente, a equipa envolvida neste estudo virou-se para ratos de laboratório, que também têm um "espaço em branco" no que diz respeito aos primeiros tempos de vida e também registam um decréscimo na produção de neurónio à medida que crescem. E esta queda também coincide com a capacidade de os roedores se lembrarem de situações assustadores - os ratos adultos continuaram com medo de um espaço específico onde tinham tido recebidos choques leves, mesmo 28 dias depois, enquanto os animais mais jovens iam perdendo o medo logo no dia seguinte.

Depois, o grupo fez outra experiência: Submeteu os ratos adultos às mesmas experiências desagradáveis e depois deixou-os correr durante semanas, sabendo que correr estimula naturalmente o nascimento de novos neurónios. No final desse período, exercício, foi notório que o exercício ajudou os roedores a esquecer o medo do local dos choques.

E o contrário também resultou: Abrandar o nascimento de neurónios em ratos mais jovens manteve a recordação do medo.
"Talvez esquecer não seja uma coisa má", comenta Josselyn. "Talvez seja bom limpar algumas recordações e esquecer algumas coisas que não são muito importantes".
O neurocientista, Richard Morris, da Universidade de Edimburgo, encontra, por seu lado, uma comparação: "Talvez a neurogénese seja o sistema de limpeza de primavera do hipocampo".»

fonte: visao.sapo.pt/razao-de-nao-nos-lembrarmos-de-ser-bebes-pode-ter-sido-finalmente-descoberta

Embora o artigo esteja redigido de modo um tanto ou quanto sofrível, e seja extraordinariamente superficial na abordagem, creio que serve pelo menos para aguçar a curiosidade e leva a que umas quantas questões surjam. Sei que o "tema" (memória) não é novo e já há estudo que afirmam ser possível "apagar" recordações traumáticas através da aplicação de tecnologias como o EMT e afins, mas ainda assim julgo que este artigo tem algo de interessante e digno de reflexão, uma vez que poderá ter implicações para além dos "simples" mecanismos da evocação das memórias, mas também da sua própria construção, alocamento e função... E em que medida poderão estas "descobertas" ajudar-nos a compreender melhor o "processo neurológico" da paranormalidade e fenómenos relacionados, por exemplo?

Gostaria de lançar o debate, se considerarem o tema pertinente. Caso não vejam pertinência alguma, servirá este post de veículo de informação para memória futura.

Cumprimentos!

Saudações.

Penso que sobre este tema poderíamos abrir um debate entre a ciência vs espiritualidade\religião.

Mas não vamos por aí. Eu, por exemplo, sou uma nódoa em termos de recordações.  Esqueço muito facilmente.

Mas lembrei-me de algo que os meus mestres espirituais dizem sobre isso.
"Quanto mais forte for o desequilibrio emocional sobre um determinado momento, mais forte ficará a lembrança na nossa mente." Talvez seja a velha história dos fantasmas que atormentam cada um de nós.

Ligeia escreveu:

Razão de não nos lembrarmos de ser bebés pode ter sido, finalmente, descoberta

Um novo estudo aponta uma nova explicação para o facto de não guardarmos recordações dos primeiros tempos de infância

«[i]As memórias de quando eramos bebés podem ter sido "limpas" com o nascimento de novas células cerebrais.

Este tema é realmente muito interessante, se segundo o estudo as células são as responsáveis pelas memórias, então que explicação dar aos muitos casos espalhados pelo mundo, de pessoas que evidênciam recordações de vidas passadas?

No caso de lembranças de uma vida passada, serão também as células, as responsáveis por essas lembranças? ...mas como seria isso possível? ...para serem as células as responsáveis das recordações, então teria que haver uma ligação ou comunicação entre as células do corpo antigo de uma vida passada com o novo corpo da vida actual.

Serão mesmo as células, as responsáveis pelas nossas memórias?

Se sim, como explicar os casos de espíritos que viveram na terra que comunicam através de médiuns, onde por vezes transmitem informações particulares acerca da sua vida na terra ou de objectos que lhe pertenciam enquanto era vivo através do médium?

Para o espírito dar informações tão detalhadas acerca da sua vida enquanto vivo, ou de um objecto seu, ou de uma pessoa da sua familia, ou de um local, o mesmo espírito tem que ter inerentemente a capacidade ou os mecanismos para se recordar/lembrar dos detalhes que ele menciona através do médium.

Sendo assim, e se o corpo físico que lhe pertenceu em vida já não existe, e as suas respectivas células já estão desintegradas, então as células não poderão ser as responsáveis pelas memórias, mas sim algo inerente ao próprio espírito.

Se as memórias não estivessem ligadas directamente ao espírito, este último não conseguiria ter memórias, não conseguiria lembrar-se, mas através de médiuns muitos espíritos que viveram na terra e que já partiram do plano físico, já transmitiram e transmitem informações e detalhes que só seriam possíveis, se o próprio espírito que as comunica tenha a capacidade de evocar memórias.

Se realmente assim fôr, então significa que as memórias não dependem ou não precisam de um corpo físico para poderem ser evocadas, acedidas ou lembradas.